sexta-feira, 13 de maio de 2011

Europa

Europa é, por convenção, um dos seis continentes do mundo. Compreendendo a península ocidental da Eurásia, a Europa geralmente divide-se da Ásia a leste pelo divisor de águas dos Montes Urais, o rio Ural, o Mar Cáspio, o Cáucaso,[1] e o Mar Negro a sudeste.[2] A Europa é limitada pelo Oceano Glacial Ártico e outros corpos de água no norte, pelo Oceano Atlântico a oeste, pelo Mar Mediterrâneo ao sul, e pelo Mar Negro e por vias navegáveis interligadas ao sudeste. No entanto, as fronteiras para a Europa, um conceito que remonta à Antiguidade Clássica, são um tanto arbitrárias, visto que o termo "Europa" pode referir-se a uma distinção cultural e política ou geográfica.
A Europa é o segundo menor continente em superfície do mundo, cobrindo cerca de 10 180 000 quilómetros quadrados ou 2% da superfície da Terra e cerca de 6,8% da área acima do nível do mar. Dos cerca de 50 países da Europa, a Rússia é o maior tanto em área quanto em população (sendo que a Rússia se estende por dois continentes, a Europa e a Ásia) e a Cidade do Vaticano é o menor. A Europa é o terceiro continente mais populoso do mundo, após a Ásia e a África, com uma população de 731 milhões ou cerca de 11% da população mundial. No entanto, de acordo com a Organização das Nações Unidas (estimativa média), o peso europeu pode cair para cerca de 7% em 2050.[3] Em 1900, a população europeia representava 25% da população mundial.[4]
A Europa, nomeadamente a Grécia antiga, é considerada o berço da cultura ocidental.[5] Tendo desempenhado um papel preponderante na cena mundial a partir do século XVI, especialmente após o início do colonialismo. Entre os séculos XVI e XX, as nações europeias controlaram em vários momentos as Américas, a maior parte da África, a Oceânia e grande parte da Ásia. Ambas as guerras mundiais foram em grande parte centradas na Europa, sendo considerado como o principal factor para um declínio do domínio Europa Ocidental na política e economia mundial a partir de meados do século XX, com os Estados Unidos e a União Soviética ganhando maior protagonismo.[6] Durante a Guerra Fria, a Europa estava dividida ao longo do Cortina de Ferro entre a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a oeste, e o Pacto de Varsóvia, a leste. A vontade de evitar outra guerra acelerou o processo de integração europeia e levou à formação do Conselho Europeu e da União Europeia na Europa Ocidental, os quais, desde a queda do Muro de Berlim e do fim da União Soviética em 1991, têm vindo a expandir-se para o leste.


Europa


Mapa da Europa
Vizinhos Ásia, África e América do Norte
Divisões administrativas  
 - Número de países 50
 - Número de territórios 8
Área  
 - Total 10 498 000 km²
 - Maior país  Rússia
 - Menor país Vaticano
Extremos de elevação  
 - Ponto mais alto Monte Elbrus (5 642 m), Rússia.
 - Ponto mais baixo Mar Cáspio (-28 m), Rússia
Maior lago Lago Ládoga (18 400 km²), Rússia.
Pontos extremos  
 - Ponto mais setentrional Cabo Norte, Noruega
 - Ponto mais meridional Ierápetra, Grécia
 - Ponto mais oriental Polevskoj, Rússia
 - Ponto mais ocidental Cabo da Roca, Portugal
Maior ilha Grã-Bretanha (229 885 km²), Reino Unido
Maior vulcão Etna (3 323 m), Sicília, Itália
População  
 - Total 761 743 255 habitantes
 - Densidade 70 hab./km²
 - País mais populoso  Rússia (141 377 000 hab.)
 - País menos populoso Vaticano (900 hab.)
 - País mais povoado Mónaco (17 435,9 hab./km²)
 - País menos povoado  Islândia (2,74 hab./km²)
Línguas mais faladas Russo, alemão, francês, inglês, italiano e polonês
Economia  
 - País mais rico Liechtenstein (147,200 dólares/hab. por ano)
 - País mais pobre Moldávia (1200 dólares/hab. ao ano)

Definição

O mapa medieval T e O, de 1472, mostrando a divisão do mundo em 3 continentes, atribuídos aos três filhos de Noé.
O uso do termo "Europa" desenvolveu-se gradualmente ao longo da história.[7][8] Na antiguidade, o historiador grego Heródoto provavelmente em referência a mapas de Hecateo de Mileto embora sem o nomear explicitamente, de descreve o mundo como tendo sido dividido em três continentes, sendo eles a Europa, a Ásia e a Líbia (África), com o Nilo e o rio Phasis formando de suas fronteiras, embora também afirme que alguns consideravam o rio Don, em vez do Phasis, como a fronteira entre Europa e Ásia.[9] Flavius Josephus e o Livro dos Jubileus descrevem os continentes como as terras dadas por Noé aos seus três filhos, sendo a Europa definida entre as Colunas de Hércules no Estreito de Gibraltar, separando-a da África, e o rio Don, separando-o da Ásia.[10]
A definição cultural da Europa como terras da cristandade latina consolidou-se no século VIII, significando um novo local cultural criado através da confluência de tradições germânicas e da cultura cristã-latina, definidas em parte, em contraste com o Islão e Bizâncio, e limitado a norte pela Hispania, Ilhas Britânicas, França, Alemanha ocidental cristianizada, e as regiões alpinas do norte e no centro da Itália.[11] Esta divisão, tanto geográfica como cultural, foi utilizada até a Baixa Idade Média, quando foi desafiada pela Era dos descobrimentos.[12][13] O problema da redefinição da Europa, finalmente foi resolvido em 1730 quando, em vez de canais, o geógrafo e cartógrafo sueco von Strahlenberg propôs os Montes Urais como a fronteira mais importante do leste, uma sugestão que foi aceita na Rússia e em toda a Europa.[14]
A Europa está agora em geral, definida pelos geógrafos, como a península ocidental da Eurásia, com seus limites marcados por grandes massas de água para o norte, oeste e sul; limites da Europa para o Extremo Oriente são normalmente tomadas para os Urais, o rio Ural, e o Mar Cáspio, a sudeste, as montanhas do Cáucaso, o Mar Negro e nas vias que ligam o Mar Negro ao Mar Mediterrâneo.[15]
Às vezes, a palavra "Europa" é utilizada de forma geopoliticamente limitada[16] para se referir apenas à União Europeia ou, ainda mais exclusiva, a um núcleo cultural definido. Por outro lado, o Conselho da Europa tem 47 países membros, e apenas 27 estados-membros estão na UE.[17] Além disso, pessoas que vivem em áreas insulares, como a Irlanda, o Reino Unido, no Atlântico Norte e Mediterrâneo e ilhas também na Escandinávia podem rotineiramente se referir a parte "continental" ou ao "continente" da Europa ou simplesmente como "o continente".[18]
Mapa da Europa, mostrando as fronteiras geográficas mais utilizadas[19] (legenda: azul = países transcontinentaisverde = países historicamente europeus, mas fora das fronteiras europeias).

História

Pré-história

Os Homo erectus e os Neanderthalis habitavam a Europa bem antes do surgimento dos humanos modernos, os Homo sapiens.[20] Os ossos dos primeiros europeus foram achados em Dmanisi, Geórgia, e datados de 1,8 milhões de anos.[21] O primeiro aparecimento do povo anatomicamente moderno na Europa é datado de 35 000 a.C.[22] Evidências de assentamentos permanentes datam do 7° milénio/milênio a.C. na Bulgária, Roménia e Grécia.[22] O período neolítico chegou na Europa central no 6° milénio a.C. e em partes da Europa Setentrional no 5° e 4° milénio a.C. A civilização Tripiliana (5508-2750 a.C.) foi a primeira grande civilização da Europa e uma das primeiras do mundo; era localizada na Ucrânia moderna e também na Moldávia e Roménia. Foi provavelmente mais antiga que os Sumérios no Oriente Próximo, e tinha cidades com 15 000 habitantes que cobriam 450 hectares.[23]
Começando no Neolítico, tem-se a civilização de Camunni no Val Camonica, Itália, que deixou mais de 350 000 petróglifos, o maior sítio arqueológico da Europa.
Também conhecido como Idade do Cobre, o Calcolítico europeu foi um tempo de mudanças e confusão. O fato mais relevante foi a infiltração e invasão de imensas partes do território por povos originários da Ásia Central, considerado pelos principais historiadores como sendo os originais indo-europeus, mas há ainda diversas teorias em debate. Outro fenómeno foi a expansão do Megalitismo e o aparecimento da primeira significante estratificação económica e, relacionado a isso, as primeiras monarquias conhecidas da região dos Balcãs.[20] A primeira civilização bem conhecida da Europa foi as dos Minóicos da ilha de Creta e depois os Micenas em adjacentes partes da Grécia, no começo do 2° milénio a.C.[20]
Embora o uso do ferro fosse de conhecimento dos povos egeus por volta de 1100 a.C., não chegou à Europa Central antes de 800 a.C., levando ao início da Cultura de Hallstatt, uma evolução da Idade do Ferro (que até então se encontrava na Cultura dos Campos de Urnas). Provavelmente como subproduto desta superioridade tecnológica, pouco depois os indo-europeus consolidam claramente suas posições na Itália e na Península Ibérica, penetrando profundamente naquelas penínsulas (Roma foi fundada em 753 a.C.).

Antiguidade Clássica

Os gregos e romanos deixaram um legado na Europa que é evidente nos pensamentos, leis, mentes e línguas actuais. A Grécia Antiga foi uma união de cidades-estado, na qual uma primitiva forma de democracia se desenvolveu. Atenas foi sua cidade mais poderosa e desenvolvida, e um berço de ensinamento nos tempos de Péricles. Fóruns de cidadãos aconteciam e o policiamento do estado deu ordem ao aparecimento dos mais notáveis filósofos clássicos, como Sócrates, Platão e Aristóteles. Como rei do Reino Grego da Macedónia, as campanhas militares de Alexandre o Grande espalharam a cultura helénica até às nascentes do rio Indo.
Império Romano na sua extensão máxima.
Mas a República Romana, alicerçada pela vitória sobre Cartago nas Guerras Púnicas, estava crescendo na região. A sabedoria grega passada às instituições romanas, assim como a própria Atenas foi absorvida sob a bandeira do senado e do povo de Roma. Os romanos expandiram seu império desde a Arábia até a Bretanha. Em 44 a.C. quando atingiu o seu ápice, seu líder, Júlio César foi morto sob suspeitas de estar corrompendo a república para se tornar um ditador. Na sucessão, Octaviano usurpou as raízes do poder e dissolveu o senado romano. Quando proclamou o renascimento da república ele, de facto, transferiu o poder do senado romano quando república para um império, o Império Romano.

Idade Média

Quando o Imperador Constantino I reconquistou Roma sob a bandeira da Cruz em 312, ele rapidamente editou o Édito de Milão em 313, declarando legal o cristianismo no Império Romano. Além disso, Constantino I mudou oficialmente a capital do império, Roma, para a colónia grega de Bizâncio, que ele renomeou para Constantinopla ("Cidade de Constantino"). Em 395, Teodósio I, que tornou o cristianismo religião oficial do Império Romano, iria ser o último imperador a comandar o Império Romano em toda a sua unidade, sendo depois o império dividido em duas partes: O Império Romano do Ocidente, centrado em Ravenna, e o Império Romano do Oriente (depois referido como Império Bizantino) centrado em Constantinopla. A parte ocidental foi seguidamente atacada por tribos nómadas germânicas, e em 476 finalmente caiu sob a invasão dos Hérulos comandados por Odoacro.
A autoridade romana no Oeste entrou em colapso e as províncias ocidentais logo tornaram-se pedaços de reinos germânicos. Entretanto, a cidade de Roma, sob o comando da Igreja Católica Romana permaneceu como um centro de ensino, e fez muito para preservar o pensamento clássico romano na Europa Ocidental.[20] Nesse meio-tempo, o imperador romano em Constantinopla, Justiniano I, conseguiu com sucesso, montar toda a lei romana no Corpus Juris Civilis (529-534). Por todo o século VI, o Império Romano do Oriente esteve envolvido numa série de conflitos sangrentos, primeiro contra o Império Persa dos Sassânidas, depois pelo Califado Islâmico (Dinastia Omíada). Em 650, as províncias do Egito, Palestina e Síria foram perdidas para forças muçulmanas.
Papa Adriano I pede ajuda a Carlos Magno, rei dos Francos, contra a invasão de 772.
Na Europa Ocidental, uma estrutura política surgia: no vácuo do poder deixado pelo colapso de Roma, hierarquias locais foram construídas sob a união das pessoas nas terras que eram trabalhadas. Dízimos eram pagos ao senhor da terra e este senhor devia tributos ao príncipe regional. Os dízimos eram usados para financiar o estado e as guerras. Esse foi o sistema feudal, no qual novos príncipes e reis apareceram, no qual o maior deles foi o líder Franco Carlos Magno. Em 800, Carlos Magno, após as suas grandes conquistas territoriais, foi coroado Imperador dos Romanos ("Imperator Romanorum") pelo Papa Leão III, afirmando efectivamente o seu poder na Europa Ocidental. O reinado de Carlos Magno marcou o começo dum novo império germânico no oeste, o Sacro Império Romano. Para além das suas fronteiras novas forças estavam crescendo. O Principado de Kiev estava delimitando o seu território, a Grande Morávia estava crescendo, enquanto os anglos e os saxões estavam confirmando as suas fronteiras.

Idade Moderna

Renascimento

A Escola de Atenas por Rafael:. Contemporâneos, como Michelangelo e Leonardo da Vinci (centro) são retratados como clássicos eruditos.
O Renascimento foi um movimento cultural que afectou profundamente a vida intelectual europeia no seu período pré-moderno. Começando em Itália, e espalhando-se de norte a oeste, o renascimento durou aproximadamente 250 anos e a sua influência afectou a literatura, filosofia, arte, política, ciência, história, religião entre outros aspectos de indagação intelectual.[20]
O italiano Francesco Petrarca (Francesco di Petracco), suposto primeiro legítimo humanista, escreveu na década de 1330: "Estou vivo agora, ainda que eu prefira ter nascido noutro tempo". Ele era um entusiasta da antiguidade romana e grega. Nos séculos XV e XVI, o contínuo entusiasmo pela antiguidade clássica foi reforçado pela ideia de que a cultura herdada estava se dissipando e de que havia um conjunto de ideias e atitudes com que seria possível reconstruí-la. Matteo Palmieri escreveu em 1430: "Agora, com certeza, todo espírito pensante deve agradecer a Deus, porque a ele foi permitido nascer numa nova era". O Renascimento fez nascer uma nova era em que aprender era muito importante.
O Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci demonstra a sua visão para o homem perfeitamente proporcional.
O Renascimento foi inspirado pelo crescimento dos estudos de textos latinos e gregos e a admiração da era greco-romana como uma época de ouro. Isso incitou muitos artistas e escritores a tomar emprestados exemplos gregos e romanos para suas obras, mas também existiram muitas inovações nesse período, especialmente através de artistas multifacetados tais como Leonardo da Vinci. Muitos textos gregos e romanos ainda existiam na Idade Média europeia. Os monges copiaram e recopiaram os textos antigos e guardaram-nos por todo um milénio, apesar de o terem feito com outras intenções. Muitos outros foram descobertos com a migração de estudiosos gregos, assim como de textos gregos clássicos, para a Itália, após a queda de Constantinopla, enquanto outros textos gregos e romanos chegaram através de fontes islâmicas, que os herdaram através das conquistas, e até mesmo fazendo tentativas de melhorar alguns deles. Com o orgulho natural de pensadores avançados, os humanistas viram o ressurgimento desse grande passado como uma renascença – o renascimento da própria civilização.
Importantes precedentes políticos aconteceram neste período. O político Nicolau Maquiavel escreveu "O Príncipe" que influenciou o posterior absolutismo e a política pragmática. Também foram importantes os diversos líderes que governaram estados e usaram a arte da Renascença como sinal de seus poderes.

Durante esse período, a corrupção da Igreja Católica levou a uma dura reação, na Reforma Protestante.[20] E ela ganhou muitos seguidores, especialmente entre príncipes e reis buscando um estado forte para acabar com a influência da igreja católica. Figuras como Martinho Lutero começaram a surgir, assim também como João Calvino com o seu Calvinismo que teve influência em muitos países e o rei Henrique VIII da Inglaterra que rompeu com a igreja católica e fundou a Igreja Anglicana. Essas divisões religiosas trouxeram uma onda de guerras inspiradas e conduzidas religiosamente, mas também pela ambição dos monarcas na Europa Ocidental que se tornavam cada vez mais centralizadas e poderosas.
A reforma protestante também levou a um forte movimento reformista na igreja católica chamado Contra-Reforma, que tinha como objectivo reduzir a corrupção, assim como aumentar e fortalecer o dogma católico. Um importante grupo da igreja católica que surgiu nessa época foram os Jesuítas, que ajudaram a manter a Europa Oriental na linha católica de pensamento. Mesmo assim, a igreja católica foi fortemente enfraquecida pela reforma e, grande parte do continente não estava mais sob sua influência e os reis nos países que continuaram no catolicismo começaram a anexar as terras da igreja para os seus próprios domínios.

Reformas


As 95 Teses do monge alemão Martinho Lutero que quebraram a autocracia papal.
Diferentemente da Europa Ocidental, os países da Europa Central, a Comunidade Polaco-Lituana e a Hungria, foram mais tolerantes. Enquanto se aumentava a predominância do catolicismo, eles ainda permitiam que um grande número de minorias religiosas cultivasse as suas crenças. Assim, a Europa Central manteve-se dividida entre católicos, protestantes, ortodoxos e judeus. Outro importante acontecimento desta época foi o crescimento do sentimento de união do povo europeu. Émeric Crucé (1623) formulou a ideia do Conselho Europeu, com a intenção de acabar com as guerras na Europa; visto que a última tentativa de criar paz na Europa não obteve sucesso quando todos os países europeus (excepto a Rússia e o Império Otomano, vistos como estrangeiros) fizeram um tratado de paz em 1518 no Tratado de Londres. Muitas guerras estouraram de novo em poucos anos. A reforma proporcionou a paz impossível na Europa por muitos séculos ainda.
Outro desenvolvimento foi a ideia da superioridade europeia. O ideal de civilização foi baseado nos antigos gregos e romanos: disciplina, educação e viver numa cidade eram requeridos para tornar o povo civilizado; europeus e não europeus eram julgados por sua civilidade. Serviços postais eram encontrados por todas as regiões, o que permitiu uma rede humanística de intelectuais interconectados pela Europa, mesmo com as divisões religiosas. Entretanto, a Igreja Católica Romana proibiu e baniu muitos trabalhos científicos promissores; isso trouxe uma vantagem aos países protestantes, onde o banimento de livros era organizado regionalmente. Francis Bacon e outros líderes da ciência tentaram criar uma unidade na Europa focando-se na unidade pela natureza. No século XV, com o fim da Idade Média, poderosos estados apareceram, construídos por novos monarcas, que centralizaram o poder na França, Inglaterra e Espanha. Por outro lado, o parlamento da Comunidade Polaco-Lituana ganhou poder, tirando os direitos legislativos do rei polaco. O poder do novo estado foi contestado por parlamentares em outros países, especialmente a Inglaterra. Novos tipos de estados surgiam com a cooperação entre governantes de terras, cidades, repúblicas de fazendas e guerreiros.

A Era dos Descobrimentos

As numerosas guerras não impediram que os novos estados explorassem e conquistassem largas porções do mundo, particularmente na Ásia (Sibéria)[24] e a recém-descoberta América.[25] No século XV, Portugal liderou a exploração geográfica, seguido pela Espanha no começo no século XVI. Eles foram os primeiros estados a fundar colónias/colônias na América e estações de troca nas costas da África e da Ásia, porém logo foram seguidos pela França, Inglaterra e Holanda. Em 1552, o czar Russo Ivan, o Terrível conquistou os dois maiores khanatos tártaros, Kazan e Astrakhan, e a viagem de Yermak em 1580, que levou a anexação da Sibéria pela Rússia.
O porto marítimo de Villa Medici em 1638, por Claude Lorrain.
A expansão colonial prosseguiu-se nos anos seguintes (mesmo com alguns empecilhos, como a Revolução Americana e as guerras pela independência em muitas colónias americanas). A Espanha controlou parte da América do Norte e grande parte da América Central e do Sul, as Caraíbas/o Caribe e Filipinas.;[26] Portugal teve em suas mãos o Brasil e a maior parte dos territórios costeiros em África e na Ásia (Índia e pequenos territórios na China etc);[27] Os britânicos comandavam a Austrália, Nova Zelândia, maior parte da Índia e grande parte da África e América do Norte;[28] a França comandou partes do Canadá e da Índia (porém quase tudo foi perdido para os britânicos em 1763), a Indochina, grandes terras na África e Caribe; a Holanda ganhou as Índias Orientais (hoje Indonésia) e algumas ilhas nas Caraíbas/no Caribe; países como Alemanha, Bélgica, Itália e Rússia conquistaram colónias posteriormente.
Essa expansão ajudou a economia dos países que a fizeram. O comércio prosperou, por causa da menor estabilidade entre os impérios. No final do século XVI, a prata americana era responsável por 1/5 de todo o comércio da Espanha.[29] Os países europeus travaram guerras que foram pagas através do dinheiro conseguido com a exploração das colónias/colônias. No entanto, os lucros com o tráfico de escravos e as plantações das Índias Ocidentais, a mais rentável das colônias britânicas naquele momento, representavam apenas 5% de toda a economia do Império Britânico no final do século XVIII, tempo da Revolução Industrial.

A partir do início deste período, o capitalismo substituía o feudalismo como principal forma de organização económica, ao menos no oeste da Europa. A expansão das fronteiras coloniais resultou numa Revolução Comercial. Nota-se no período o crescimento da ciência moderna e a aplicação de suas descobertas em melhorias tecnológicas, que culminaram com a revolução Industrial. Descobertas ibéricas do Novo Mundo, que começaram com a jornada de Cristóvão Colombo ao oeste com a busca de uma rota fácil para as Índias Orientais em 1492, foram logo adaptadas por explorações inglesas e francesas na América do Norte. Novas formas de comércio e a expansão dos horizontes fizeram necessária uma mudança no direito internacional.
A reforma protestante produziu efeitos profundos na unidade europeia. Não apenas dividindo as nações uma das outras pela sua orientação religiosa, mas alguns estados foram afectados internamente por lutas religiosas, fortemente encorajadas por se
França viveu essa situação no século XVI com uma série de conflitos, como as guerras religiosas na França, que culminaram no triunfo da Dinastia Bourbon. A Inglaterra preveniu-se desse facto/fato com a consolidação sob a Rainha Elizabeth do moderado Anglicanismo. Quase toda a parte da atual Alemanha estava dividida em inúmeros estados sob o comando teórico do Sacro Império Romano Germânico, que também estava dividido dentro do próprio governo. A única exceção a isso era a Comunidade Polaco-Lituana, uma união criada pela União de Lublin, expressando uma grande tolerância religiosa. Esse embate religioso aconteceu até à Guerra dos Trinta Anos quando o nacionalismo substituiu a religião como principal motor dos conflitos na europa.[30]
A Guerra dos Trinta Anos aconteceu entre 1618 e 1648,[31] principalmente no território da atual Alemanha, e envolveu as principais potências europeias. Começou como um conflito religioso entre Protestantes e Católicos no Sacro Império Romano Germânico, e gradualmente desenvolveu-se numa guerra geral, envolvendo boa parte da europa, por razões não necessariamente ligadas à religião.[32] O maior impacto da guerra, na qual exércitos de mercenários foram largamente utilizados, foi a devastação de regiões inteiras na busca do exército inimigo. Episódios como a disseminação da fome e das doenças devastaram a população dos estados germânicos e, em menor grau, dos Países Baixos e da Itália, onde levaram à falência muito dos poderes regionais envolvidos. Entre um quarto e um terço da população alemã pereceu por causas diretamente ligadas à guerra ou ainda de doenças e miséria causadas pelo conflito armado.[33] A guerra durou trinta anos, mas os conflitos que ela deu início ainda continuaram sem solução por muito tempo.
Mapa da Europa em 1648, após o Tratado de Vestfália. A área em cinza representa os Estados alemães do Sacro Império.
Depois da Paz de Vestfália, que permitiu aos países que eles escolhessem a sua orientação religiosa, o Absolutismo tornou-se o padrão do continente, enquanto a Inglaterra caminhava rumo ao liberalismo com a Guerra Civil Inglesa e a Revolução Gloriosa.[34] Os conflitos militares na europa não acabaram, mas tiveram menos impacto na vida dos seus cidadãos. No noroeste, o Iluminismo deu a base filosófica para um novo ponto de vista na sociedade, e a contínua difusão da literatura foi possível com a invenção da prensa, criando novas formas de avanço do pensamento humano. Ainda, nesse segmento, a Comunidade Polaco-Lituana foi uma exceção, com a sua quase democrática "liberdade dourada".
A Europa Oriental era uma arena de conflito disputada pela Suécia, Comunidade Polaco-Lituana e Império Otomano. Nesse período observou-se um gradual declínio destes três poderes que foram eventualmente substituídos pelas novas monarquias absolutistas, Rússia, Prússia e Áustria.[35] Na virada para o século XIX, eles tornaram-se as novas potências, dividindo a Polónia entre si, com Suécia e Turquia perdendo territórios substanciais para a Rússia e a Áustria respetivamente/respectivamente. Uma grande parte de judeus polacos/poloneses emigrou para a Europa Ocidental, fundando comunidades judaicas em lugares de onde foram expulsos durante a Idade Média.

Idade Contemporânea

Revoluções políticas

A tomada da Bastilha na Revolução Francesa em 1789.
A intervenção francesa na Guerra de Independência dos EUA levou o estado francês à falência.[36] Depois de diversas tentativas falhas de uma reforma financeira, Luís XVI foi forçado a reavivar a Assembleia dos Estados Gerais, um corpo representativo do país feito pelas três classes do estado: o clero, os nobres e o povo. Os membros dos Estados-Gerais reuniram-se no Palácio de Versalhes em maio de 1789, mas o debate e a forma de votação que seria usada criaram um impasse. Veio junho, e o terceiro estado, associado a membros dos dois outros estados, declarou-se uma Assembleia Nacional e prometeu não se dissolver até que França tivesse uma constituição e criasse, em julho, uma Assembleia Nacional Constituinte. No mesmo tempo, os parisienses revoltaram-se, celebremente derrubando a prisão da Bastilha em 14 de julho de 1789.[36]Nesse tempo, a assembleia criou uma monarquia constitucional, e nos dois anos que se passaram várias leis foram criadas como a Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão, a abolição do feudalismo e uma mudança fundamental das relações entre a França e Roma.[36] No início, o rei continuou no trono ao longo dessas mudanças e gozou de uma popularidade razoável com o povo, mas a anti-realeza crescia com o perigo de uma invasão estrangeira. Então o rei, sem poderes, decidiu fugir com a sua família, mas ele foi reconhecido de volta a Paris. Em 12 de janeiro de 1793, sendo condenada a sua traição, ele foi executado.
Em 20 de setembro de 1792, a convenção nacional aboliu a monarquia e declarou a França uma república.[36] Devido à iminência das guerras, a convenção nacional criou o Comitê de Salvação Pública controlado por Maximilien Robespierre do Partido dos Jacobinos, para atuar como executivo do país. Sob Robespierre o comitê iniciava o Reino do terror, no qual cerca de 40 000 pessoas foram executadas em Paris, na maioria nobres, apesar de, frequentemente, faltarem evidências. Por todo o país, insurreições contra-revolução foram brutalmente reprimidas. O regime foi posto abaixo no golpe de 9 Termidor (27 de Julho de 1794) e Robespierre foi executado. O regime que se seguiu acabou com o Terror e afrouxou a maioria das regras extremas de Robespierre.[36]
A Batalha de Waterloo, onde Napoleão foi derrotado pelo Duque de Wellington em 1815.
Napoleão Bonaparte foi o general francês que mais obteve sucesso nas guerras da Revolução, tendo conquistado grandes porções da Itália e forçado os austríacos à paz. Em 1799, retornou do Egito e em 18 de Brumário (9 de Novembro) subjugou o governo, substituindo-o pelo seu Consulado, do qual tornou-se o primeiro Cônsul.[37] Em 2 de Dezembro de 1804, depois duma tentativa de assassinato, ele coroou-se imperador. Em 1805, Napoleão planeou invadir a Grã-Bretanha, mas a recém-criada aliança entre britânicos, russos e austríacos (Terceira Coalizão) forçou-o a direcionar a atenção para o continente, quando ao mesmo tempo ele tinha falhado em desviar a Armada Superior Britânica para longe do Canal da Mancha, ocasionando uma decisiva derrota francesa na batalha de Trafalgar em 21 de outubro, e colocando um fim às suas esperanças de invadir a Grã-Bretanha. Em 2 de dezembro de 1805, Napoleão derrotou o exército austro-russo, numericamente superior, em Austerlitz, forçando a Áustria desistir da coalizão e levando à fragmentação do Sacro Império Romano Germânico.[37] Em 1806, a Quarta coalizão foi formada; em 14 de Outubro Napoleão derrotou os prussianos na Batalha de Jena-Auerstedt, marchando através da Alemanha e derrotando os russos em 14 de junho de 1807 em Friedland. Os Tratados de Tilsit dividiram a Europa entre França e Rússia e criaram o Ducado de Varsóvia.[37]
Em 12 de junho de 1812, Napoleão invadiu a Rússia com a sua Grande Armée de aproximadamente 700 000 soldados.[37] Após as vitórias em Smolensk e Borodino, Napoleão ocupou Moscovo, apenas para encontrá-la queimada pelo exército russo em retirada. Assim, ele foi forçado a bater com seu exército em retirada. Na volta o seu exército foi arrasado pelos cossacos e sofreu de doenças, fome e com o rigoroso inverno russo. Apenas 20 000 soldados sobreviveram a essa campanha.[37] Em 1813, começou o declínio de Napoleão, sendo derrotado pelo Exército das Sete Nações na Batalha de Leipzig em outubro de 1813. Ele foi forçado a abdicar depois da Campanha dos Seis Dias e a ocupação de Paris. Sob o Tratado de Fontainebleau ele foi exilado na Ilha de Elba. Retornou à França em 1 de março de 1815 e convocou um exército leal, mas foi compreensivelmente derrotado por forças britânicas e prussianas na Batalha de Waterloo em 18 de junho de 1815.[37]

A formação das nações

Populares apoiando a Revolução de 1848 em Berlim.
Depois da derrota da revolucionária França, outras grandes forças tentaram restaurar a situação existente antes de 1789. Em 1815, no Congresso de Viena, as maiores forças da Europa organizaram-se para produzir um pacífico equilíbrio de poder entre os impérios depois das Guerrras Napoleónicas (embora estivessem ocorrendo movimentos internos revolucionários) sob o sistema de Matternich.[38] Entretanto, os seus esforços foram incapazes de parar a propagação de movimentos revolucionários: a classe média foi profundamente influenciada pelos ideais de democracia da Revolução Francesa, a revolução Industrial trouxe importantes mudanças sócio-económicas/econômicas, as classes baixas começaram a ser influenciadas pelas ideias socialistas, comunistas e anarquistas (especialmente unidas por Karl Marx no Manifesto Comunista),[39] e a preferência dos novos capitalistas era o liberalismo.
Em 1815, as fronteiras da Europa foram refeitas, quando as suas raízes já haviam sido sacudidas pelos exércitos de Napoleão.
Uma nova onda de instabilidade veio da formação de diversos movimentos nacionalistas (na Alemanha,
Itália, Polônia, etc.), buscando uma unidade nacional e/ou liberação do domínio estrangeiro. Como resultado, o período entre 1815 e 1871 foi palco de um grande número de conflitos e guerras de independência. Napoleão III, sobrinho de Napoleão I, retornou do exílio na Inglaterra em 1848 para ser eleito pelo parlamento francês, como o então "Presidente-Príncipe" e num golpe de estado eleger-se imperador, aprovado depois pela grande maioria do eleitorado francês. Ele ajudou na unificação da Itália lutando contra o Império Austríaco[40] e lutou a Guerra da Crimeia com a Inglaterra e o Império Otomano contra a Rússia. Seu império ruiu depois duma infame derrota para a Prússia, na qual ele foi capturado. A França então se tornou uma fraca república que recusava-se a negociar e foi derrotada pela Prússia em poucos meses. Em Versalhes, o Rei Guilherme I da Prússia foi proclamado Imperador da Alemanha e a Alemanha moderna nasceu.[41] Mesmo que a maioria dos revolucionários tenha sido derrotada, muitos estados europeus tornaram-se monarquias constitucionais, e em 1871 Alemanha e Itália se desenvolveram em estados-nação. Foi no século XIX também que se observou o Império Britânico emergir como o primeiro poder global do mundo devido, em grande parte, à Revolução Industrial e a vitória nas Guerras Napoleónicas.[42]
Impérios
A paz iria apenas durar até que o Império Otomano declinasse suficientemente para se tornar alvo de outros.[43] Isso incitou a Guerra da Crimeia em 1854,[44] e começou um tenso período de pequenos conflitos entre as nações dominantes da Europa que deram o primeiro passo para a posterior Primeira Guerra Mundial. Isso mudou uma terceira vez com o fim de várias guerras que transformaram o Reino da Sardenha e o Reino da Prússia nas nações da Itália e da Alemanha, mudando significativamente o balanço do poder na Europa. A partir de 1870, a hegemonia Bismarquiana na Europa pôs a França em uma situação crítica.[45] Ela devagar reconstruiu suas relações internacionais, buscando alianças com a Grã-Bretanha e Rússia, para controlar o crescente poder da Alemanha sobre a Europa. Desse modo, dois lados opostos se formaram na Europa, incrementando suas forças militares e suas alianças ano a ano.[46]

Revolução Industrial

Céu de chaminés de Londres em 1870, por Gustave Doré.
A Revolução Industrial foi um período compreendido entre o fim do século XVIII e o começo do século XIX, no qual ocorreram
grandes mudanças na agricultura, manufatura e transporte e foi produzido um profundo efeito socioeconómico/socioeconômico e cultural na Grã-Bretanha, que posteriormente se espalhou por toda a Europa, América do Norte, e depois para todo o mundo, num processo que ainda continua: a Industrialização. Na parte final dos anos de 1700 a economia baseada na força manual no Reino da Grã-Bretanha começou a ser substituída por outra dominada pela indústria e pelas máquinas. Começou com a mecanização das indústrias têxteis, o desenvolvimento de técnicas avançadas de produção de ferro e o aumento do uso de carvão refinado. A expansão do comércio foi possibilitada com a introdução de canais, rodovias e auto-estradas. A introdução das máquinas a vapor (abastecidas primeiramente com carvão) e maquinaria bruta (principalmente na manufatura têxtil) deram a base para grandes aumentos na capacidade produtiva inglesa.[47] O desenvolvimento de máquinas de ferramentas nas duas primeiras décadas do século XIX facilitou a produção de mais máquinas para serem utilizadas noutras indústrias. Durante o século XIX, a industrialização se alastrou pelo resto da Europa Ocidental e América do Norte, afetando posteriormente grande parte do mundo.

Guerras mundiais

As trincheiras tornaram-se famosos símbolos dos combates da Primeira Guerra Mundial.
Mapa da Europa em 1923.
Depois da relativa paz na maior parte do século XIX, a rivalidade entre as potências europeias explodiu em 1914, quando a Primeira Guerra Mundial começou. Mais de 60 milhões de soldados europeus foram mobilizados entre 1914 e 1918.[48] De um lado estavam Alemanha, Áustria-Hungria, o Império Otomano e a Bulgária (Poderes Centrais/Tríplice Aliança), enquanto que no outro lado estavam a Sérvia e a Tríplice Entente – a elástica coligação entre França, Reino Unido e Rússia, que ganhou a participação da Itália em 1915 e dos Estados Unidos em 1917. Embora a Rússia tenha sido derrotada em 1917 (a guerra foi uma das maiores causas da Revolução Russa, levando à formação da comunista União Soviética), a Entente finalmente prevaleceu no outono de 1918.
No Tratado de Versalhes (1919) os vencedores impuseram severas condições à Alemanha e aos novos estados reconhecidos (tais como Polónia, Checoslováquia, Hungria, Áustria, Jugoslávia, Finlândia, Estónia, Letónia, Lituânia) criados na Europa Central a partir dos extintos impérios Alemão, Austro-Húngaro e Russo, supostamente na base da auto-definição. A maioria desses países entraria em guerras locais, sendo a maior delas a Guerra Polaco-Soviética (1919-1921). Nas décadas seguintes, o medo do comunismo e a Grande Depressão (1929-1943) levaram grupos extremistas nacionalistas - sob a categoria do fascismo – na Itália (1922), Alemanha (1933), Espanha (depois da guerra civil, terminada em 1939) e em outros países como a Hungria.
Hitler e Mussolini formaram o Pacto do Eixo e dominaram a maior parte da Europa na fase inicial da Segunda Guerra Mundial.
Depois de aliar-se com a Itália de Mussolini no Pacto de Aço e assinar o pacto de
não-agressão com a União Soviética, o ditador alemão Adolf Hitler começou a Segunda Guerra Mundial em 1° de Setembro de 1939 invadindo a Polónia, depois de uma expansão militar ocorrida no final da década de 1930. Após sucessos iniciais (principalmente a conquista do oeste da Polónia/Polônia, grande parte da Escandinávia, França e os Balcãs antes de 1941), as forças do Eixo começaram a enfraquecer-se em 1941. Os principais oponentes ideológicos de Hitler eram os comunistas da Rússia, mas por causa da falha alemã em derrotar o Reino Unido e das falhas italianas no norte da África e no Mediterrâneo, as forças do Eixo se resumiram à Europa Ocidental, Escandinávia, além de ataques a África. O ataque feito posteriormente à União Soviética (que junto com a Alemanha dividiu a Europa central em 1939-1940) não foi feito com a força necessária. Apesar de um sucesso inicial, o exército alemão foi parado perto de Moscovo em dezembro de 1941.
Apenas no ano seguinte é que o avanço alemão seria parado e eles começariam a sofrer uma série de derrotas, como por exemplo, nas batalhas de Stalingrado e Kursk. Nesse ínterim, o Japão (aliado de Alemanha e Itália desde setembro de 1940) atacou os britânicos no Sudeste Asiático e os Estados Unidos no Havaí em 7 de Dezembro de 1941; a Alemanha então completou a sua expansão declarando guerra aos Estados Unidos. A guerra aumentou a tensão entre o Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e os Aliados (Reino Unido, União Soviética e os Estados Unidos). As forças Aliadas venceram no norte da África e invadiram a Itália em 1943, e a ocupada França em 1944. Na primavera de 1945, a Alemanha foi invadida pelo leste pela União Soviética e pelo oeste pelos Aliados; Hitler cometeu suicídio e a Alemanha se rendeu no começo de maio acabando com a guerra na Europa.
O período foi marcado também por um industrializado e planeado genocídio de mais de 11 milhões de pessoas, incluindo a maioria dos judeus da Europa e ciganos, assim como milhões de polacos e eslavos soviéticos. O sistema soviético de trabalho forçado, as expulsões da população da União Soviética e a grande fome da Ucrânia tiveram semelhante carga de mortes. Durante e depois da guerra, milhões de civis foram afetados pelas forçadas transferências da população.

Guerra Fria

Trabalhadores da Alemanha Oriental construindo o Muro de Berlim, 20 de Novembro de 1961.
A Primeira e especialmente a Segunda Guerra Mundial acabaram com a preponderante posição da Europa Ocidental. O mapa do continente foi redesenhado na Conferência de Yalta[49] e dividido se tornou a principal zona de contenção na Guerra Fria entre dois blocos, os países ocidentais e o bloco Oriental. Os Estados Unidos e a Europa Ocidental (Reino Unido, França, Itália, Países Baixos, Alemanha Ocidental, etc.) estabeleceram a aliança da OTAN como proteção contra uma possível invasão soviética.[50] Depois, a União Soviética e o Leste Europeu (Polónia, Checoslováquia, Hungria, Roménia, Bulgária e Alemanha Oriental) estabeleceram o Pacto de Varsóvia como proteção contra uma possível invasão dos Estados Unidos.[51]
Na mesma época, a Europa Ocidental lentamente começou um processo de integração política e económica/econômica,[52] desejando um continente unido e integrado para prevenir outra guerra. Esse processo resultou naturalmente no desenvolvimento de organizações como a União Europeia[52] e o Conselho da Europa.[53] O movimento Solidarność que aconteceu na década de 1980 enfraqueceu o governo comunista na Polônia, foi o começo do fim do domínio comunista na Europa Oriental e o declínio da União Soviética.[54] O líder soviético Mikhail Gorbachev instituiu a Perestroika e a Glasnost, que enfraqueceram oficialmente a influência soviética na Europa Oriental.[54] Os governos que davam suporte aos soviéticos entraram em colapso e a Alemanha Ocidental anexou a Oriental em 1990. Em 1991, a própria União Soviética ruiu, dividindo-se em 15 estados, com a Rússia tomando o lugar da União Soviética no Conselho de Segurança da ONU. Entretanto, a separação mais violenta aconteceu na Jugoslávia, nos Bálcãs. Quatro (Eslovénia, Croácia, Bósnia e Herzegóvina e Macedónia/Macedônia) das seis repúblicas jugoslavas declararam independência e para a maioria delas uma violenta guerra se seguiu, em algumas partes até 1995. Em 2006, Montenegro se separou e declarou independência, seguido por Kosovo, formalmente uma província autónoma/autônoma da Sérvia, em 2008, e descaracterizando completamente o antigo mapa da Jugoslávia/Iugoslávia. Na era pós-guerra fria, OTAN e a União Europeia foram gradualmente admitindo a maioria dos antigos estados membros do Pacto de Varsóvia.[52]

Reunificação e integração

Em 1992, o Tratado de Maastricht foi assinado pelos então membros da União Europeia. Isso transformou o "Projeto Europeu" de ser uma comunidade económica/econômica com certos aspectos políticos, numa união com uma intensa cooperação e prosperidade baseada numa união de soberanias nacionais.[52]
Em 1985, o Acordo de Schengen já havia uma área sem fronteiras e sem controle de passaporte entre os estados que o assinaram.[55]
Uma moeda comum para a maioria dos estados membros da União Europeia, o euro, foi estabelecida eletronicamente em 1999,[56] oficialmente partilhando todas as moedas de cada participante com os outros. A nova moeda foi posta em circulação em 2002 e as velhas foram retiradas dos mercados.[56] Apenas três países dos quinze Estados-membros decidiram não aderir ao euro (Reino Unido, Dinamarca e Suécia). Em 2004, a UE deu ordem à sua maior expansão, admitindo 10 novos membros (oito dos quais antigos estados comunistas). Outros dois ingressaram no grupo em 2007, num total de 27 nações.
Um tratado estabelecendo uma constituição para a UE foi assinado em Roma em 2004, com a intenção de substituir todos os antigos tratados com apenas um só documento. Entretanto, a sua ratificação nunca foi feita devido à rejeição de franceses e holandeses via referendo. Em 2007, concordou-se em substituir aquela proposta com um novo tratado reformado, o Tratado de Lisboa, que iria entrar como uma emenda em vez de substituir os tratados existentes.[57] Esse tratado foi assinado em 13 de dezembro de 2007, e vai entrar em vigor em janeiro de 2009, se ratificado até essa data. Isso dará a União Europeia seu primeiro presidente permanente e ministro de relações exteriores.[57]
Os Bálcãs são a parte da Europa que mais deseja aderir à União Europeia, com a Croácia notadamente esperando ser aceite antes de 2010.[58][59]

Geografia

Imagem de satélite do continente europeu.
Fisiograficamente, a Europa é o componente noroeste da maior massa de terra do planeta, conhecida como a Eurásia, ou Eurafrásia: a Ásia ocupa a maior parte leste dessa porção de terra contínua e todos partilham uma plataforma continental comum. A fronteira oriental da Europa agora é comumente definida pelos Montes Urais, na Rússia.[15] O geógrafo do primeiro século d.C. Estrabão, considerava o rio Don "Tanais" como o limite para o Mar Negro,[60] como diziam as primeiras fontes judaicas.
A fronteira sudeste com a Ásia não é universalmente definida, sendo que o rio Ural, ou, alternativamente, o rio Emba servem mais comummente como limites possíveis. O limite continua até ao Mar Cáspio, a crista das montanhas do Cáucaso, ou, alternativamente, o rio Kura no Cáucaso, e o Mar Negro, Bósforo, o Mar de Mármara, o estreito de Dardanelos, o Mar Egeu concluem o limite com a Ásia. O Mar Mediterrâneo ao sul separa a Europa da África. A fronteira ocidental é o Oceano Atlântico, a Islândia, embora mais perto da Gronelândia (América do Norte) do que da Europa continental, são geralmente incluídos na Europa.
Por causa das diferenças sócio-políticas e culturais, existem várias descrições de fronteira da Europa, sendo que em
algumas fontes alguns territórios não estão incluídos na Europa, enquanto outras fontes incluem-nos. Por exemplo, os geógrafos da Rússia e de outros países pós-soviéticos geralmente incluem os Urais na Europa, incluindo o Cáucaso na Ásia. Da mesma forma, o Chipre é mais próximo da Anatólia (ou Ásia Menor), mas é muitas vezes considerado parte da Europa e atualmente é um estado membro da UE. Além disso, Malta já foi considerado uma ilha da África ao longo de vários séculos.[61]

Relevo

O relevo europeu mostra grande variação dentro de áreas relativamente pequenas. As regiões do sul são mais montanhosas, enquanto se move a norte o terreno desce dos altos Alpes, Pirineus e Cárpatos, através de planaltos montanhosos, baixas planícies do norte, que são vastas a leste.[62] Esta planície estendida é conhecida como a Grande Planície Europeia, e em seu coração encontra-se a Planície do Norte da Alemanha.[63] Um arco de terras altas, também existe ao longo da costa norte-ocidental, que começa na parte ocidental da ilha da Grã-Bretanha e da Irlanda, e continua ao longo da montanhosa coluna, com fiordes cortados, da Noruega.[64]
Esta descrição é simplificada. Sub-regiões como a Península Ibérica e a Península Itálica contêm suas próprias características complexas, como faz a própria Europa Central continental, onde o relevo contém muitos planaltos, vales de rios e bacias que complicam a tendência geral. Sub-regiões como a Islândia, a Grã-Bretanha e a Irlanda são casos especiais. A primeira é uma terra independente no oceano do norte, que é considerada como parte da Europa, enquanto as outras duas são zonas de montanha que outrora foram parte do continente até o nível do mar cortá-las da massa de terra principal.

Hidrografia

O continente apresenta uma complexa rede hidrográfica, com grandes rios como o Volga, na Rússia, e o Danúbio, que atravessa territórios (ou delimita fronteiras) da Alemanha, Áustria, República Checa, Croácia, Hungria, Sérvia, Romênia, Bulgária e Ucrânia. O rio Volga é o maior rio da Europa. Começa no Lago Ládoga e atravessa no sentido norte-sul a região oeste da Rússia até desaguar no Mar Cáspio.[65]
Entre os lagos europeus destacam-se o Mar Cáspio, localizado na divisa com a Ásia e que possui 371 mil km²; e o Lago Ládoga, na Federação Russa, este último o maior localizado totalmente no continente, com 17 700 km² de área. Outros lagos extensos são o Onega, o Varnern, o Saimaa, o Vättern, entre outros.[66]

Clima

Mapa climático da Europa de acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger.
A Europa encontra-se principalmente nas zonas de clima temperado, sendo submetido a correntes de ventos do oeste. O clima é mais ameno em comparação com outras áreas da mesma latitude de todo o mundo devido à influência da Corrente do Golfo.[67] A Corrente do Golfo é o apelido de "aquecimento central da Europa", porque torna o clima da Europa mais quente e mais húmido do que seria de outra maneira. A Corrente do Golfo não só leva água quente à costa da Europa, mas também aquece os ventos que sopram de oeste em todo o continente do Oceano Atlântico.
Portanto, a temperatura média durante todo o ano de Nápoles, é de 16 °C (60,8 °F), enquanto ela fica a apenas 12 ° C (53,6 ° F), em Nova York, que é quase na mesma latitude. Berlim, na Alemanha; Calgary, no Canadá, e Irkutsk, na parte asiática da Rússia, estão em torno da mesma latitude, as temperaturas de janeiro, em Berlim, são em média em torno de 8 ° C (15 ° F), mais elevadas do que aquelas registradas em Calgary, e são quase 22 ° C (40 ° F) mais elevadas do que as temperaturas médias em Irkutsk.[67]

Demografia

Desde a Renascença, a Europa teve uma grande influência na cultura, economia e movimentos sociais no mundo. As invenções mais significativas tiveram origem no mundo ocidental, principalmente na Europa e nos Estados Unidos.[68] Algumas questões atuais e passadas na demografia europeia incluíram emigração religiosa, relações raciais, imigração econômica, a taxa de natalidade decrescente e o envelhecimento da população.
Crescimento populacional e declínio por toda a Europa.[69]
Em alguns países, como a Irlanda e a Polónia, o acesso ao aborto é atualmente limitado. No passado, tais restrições e também as restrições sobre o controle artificial da natalidade eram comuns em toda a Europa. O aborto continua sendo ilegal na ilha de Malta, onde o catolicismo é a religião do Estado. Além disso, três países europeus (Países Baixos, Bélgica e Suíça) e da Comunidade Autónoma da Andaluzia (Espanha)[70][71] têm permitido uma forma limitada de eutanásia voluntária para doentes terminais.
Em 2005, a população da Europa era estimada em 731 milhões de acordo com as Nações Unidas,[3] que é um pouco mais do que um nono da população mundial. Um século atrás, a Europa tinha quase um quarto da população mundial. A população da Europa cresceu no século passado, mas nas outras regiões do mundo (especialmente na África e na Ásia), a população tem crescido muito mais rapidamente.[3] Dentre os continentes, a Europa tem uma densidade populacional relativamente alta, perdendo apenas para a Ásia. O país mais densamente povoado da Europa são os Países Baixos], terceiro no ranking mundial após a Coreia do Sul e Bangladesh. Pan e Pfeil (2004) contam 87 distintos "povos da Europa", dos quais 33 formam a maioria da população em pelo menos um Estado soberano, enquanto os 54 restantes constituem minorias étnicas.[72]
Segundo a projeção de população da ONU, a população da Europa pode cair para cerca de 7% da população mundial até 2050, ou 653 milhões de pessoas (variante média, 556 a 777 milhões em baixa e alta variante, respetivamente/respectivamente).[3] Neste contexto, existem disparidades significativas entre regiões em relação às taxas de fertilidade. O número médio de filhos por mulher em idade reprodutiva é de 1,52.[73] De acordo com algumas fontes,[74] essa taxa é maior entre os europeus muçulmanos. A ONU prevê que o declínio contínuo da população de vastas áreas da Europa Oriental.[75] A população da Rússia está diminuindo em pelo menos 700 mil pessoas a cada ano.[76] O país tem hoje 13 mil aldeias desabitadas.[77]
A Europa é o lar do maior número de migrantes de todas as regiões do mundo, em 70.6 milhões de pessoas, segundo um relatório da OIM.[78] Em 2005, a UE teve um ganho líquido global de imigração de 1,8 milhão de pessoas, apesar de ter uma das maiores densidades populacionais do mundo. Isso representou quase 85% do crescimento populacional total da Europa.[79] A União Europeia pretende abrir centros de emprego para trabalhadores migrantes legais da África.[80][81]
Emigração da Europa começou com os colonos espanhóis no século XVI, e com colonos franceses e ingleses no século XVII.[82] Mas os números mantiveram-se relativamente pequenas até ondas de emigração em massa no século XIX, quando milhões de famílias pobres, deixaram a Europa.[83]
Hoje, uma grande população de ascendência europeia é encontrada em todos os continentes. A ascendência europeia predomina na América do Norte e, em menor grau, na América do Sul (principalmente na Argentina, Chile, Uruguai e Centro-Sul do Brasil). Além disso, a Austrália e a Nova Zelândia têm grandes populações de descendentes europeus. A África não tem países de maioria de descendentes de europeus, mas há minorias significativas, como a dos brancos Sul-Africanos. Na Ásia, as populações descendentes de europeus (mais especificamente russos) predominam no Ásia Setentrional.

Cidades mais populosas da Europa

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Istambul
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Moscou
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Londres
1 Istambul  Turquia 12 175 592 11 Hamburgo  Alemanha 1 774 688
2 Moscou  Rússia 10 509 592 12 Minsk Bielorrússia 1 763 899
3 Londres  Reino Unido 7 744 942 13 Varsóvia  Polónia 1 709 578
4 São Petersburgo  Rússia 4 502 991 14 Viena  Áustria 1 704 864
5 Berlim  Alemanha 3 448 584 15 Barcelona  Espanha 1 653 416
6 Madrid  Espanha 3 137 083 16 Budapeste  Hungria 1 645 091
7 Kiev  Ucrânia 2 740 312 17 Kharkiv  Ucrânia 1 459 908
8 Roma  Itália 2 473 972 18 Munique  Alemanha 1 342 339
9 Paris  França 2 187 534 19 Milão  Itália 1 326 571
10 Bucareste  Roménia 1 918 256 20 Yekaterinburg  Rússia 1 323 961









 

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